sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tentar é viver



“É errando que se aprende.” A despeito de toda a verdade da sentença, o errante geralmente está ferido demais pelo golpe do erro para colher o aprendizado - o que é muito compreensível, pois é preciso lamentar o erro e assimilar o golpe antes de aprender a lição.
Passado o lamento e assimilado o golpe, é hora de rever os pontos e aprender. Pois, de fato, é errando que se aprende. Contudo, a verdade dessa sentença está nas entrelinhas: mais vale a tentativa do que o resultado.
Ninguém nasce sabendo falar, é preciso tentar. Ninguém nasce sabendo andar, é preciso tentar. Como praticamente em tudo da nossa vida, as primeiras tentativas de fazer algo que não sabemos são frustradas, marcadas pelo erro. Mas não tem problema, é errando que se aprende - nas entrelinhas: se tentarmos mais, certamente aprenderemos.
Essa sentença é um elogio à tentativa, portanto. Elogio verdadeiro e necessário. Afinal, estamos todos vivendo pela primeira vez, precisamos tentar.
Tentar é mais importante do que o resultado. Ora, mais importante do que um bebê pronunciar a palavra “mamãe” corretamente, é tentar. É a tentativa que derrete o coração da mãe, não o acerto. E, por força da metáfora, acredito que com Deus em relação a nós acontece o mesmo. O coração de Deus não se derrete com palavras pronunciadas corretamente, mas ao ver seus filhos e filhas tentando falar.  
Precisamos aprender, portanto, que errar não tem tanto problema assim, pois é próprio da nossa condição finita e limitada de aprendizes. E que acertar também não é tão importante assim, pois a verdadeira virtude é tentar, não acertar. Acertar nem é uma virtude, é um risco que aceitamos correr quando as chances de sucesso ainda não passavam de cinquenta por cento.
Erro versus Acerto é uma tensão que viveremos por toda a nossa vida, porque estamos em processo de formação, de aprendizado. Ninguém nasce pronto, somos seres em devir.  
Todos nós teremos nossas vidas marcadas por erros e por acertos, desde que façamos tentativas. Parar de tentar constitui o verdadeiro problema, pois quem não tenta certamente não erra, tampouco acerta, e definitivamente não vive.
Quem tenta tem história para contar. Quem tenta tem erros para lamentar e acertos para se alegrar. Quem não tenta nem história tem, quanto mais erros ou acertos.
Não somos definidos por nossos erros nem por nossos acertos. Somos definidos pelas tentativas que fazemos ao longo da vida. São elas que verdadeiramente revelam quem somos.

Lucas Lujan